
Ramo do jornalismo é uma boa opção para futuros jornalistas
Erick Issa
O jornalismo de revista não é prioridade nos cursos de graduação das instituições de ensino superior brasileiras. A grande paixão de docentes e discentes, além da TV, são os jornais. Estes recebem atenção especial dos cursos e podemos dizer que se o estudante está sendo preparado para trabalhar em um meio impresso, este é sem dúvida o jornal. As disciplinas de elaboração de reportagem se focam apenas no jornal impresso, esquecendo o crescente mercado das revistas, que hoje emprega grande parte dos jornalistas.
Quando questionados sobre a diferença entre o jornalismo feito nas revistas e o praticado nos outros meios de comunicação, recebemos como resposta que as revistas contam os fatos de uma forma mais aprofundada. Esta é uma das diferenças, mas não é apenas a única. As revistas têm periodicidade semanal, quinzenal ou até mesmo mensal, portanto, as mudanças já são percebidas na produção das matérias. O tempo para apuração e elaboração é maior. Não adianta chegar numa revista com o mesmo fôlego que se trabalha nas redações dos jornais, pois são dois ambientes diferentes. A revista irá contar um fato que muitas vezes já foi totalmente destrinchado pelos outros veículos. Por isso, é necessário não só trazer um relato sobre o acontecimento, mas sim o diferencial.
A maioria dos meios de comunicação prezam pela imediaticidade. Na ânsia de dar a notícia antes da concorrência acabam errando e perdendo credibilidade. Essa imediaticidade faz com que grandes histórias passem despercebidas diante das câmeras ou páginas dos jornais. O profissional que trabalha em revista tem que ter olho clínico para ver o que ninguém viu. Tem que ir atrás da notícia e saber escrever muito bem. O estudante de jornalismo que sonha torna-se um grande profissional tem que ler muito, independente do ramo em que vá se especializar.
O repórter fotográfico é o braço direito na construção da matéria. Muitas vezes é através da fotografia que o leitor decide se vai ler ou não a matéria. Se for uma boa fotografia e estiver bem disposta na página, com certeza ele irá ler. Tomar cuidado com certas extravagâncias e mistura de cores também é regra nas grandes editoras que produzem revistas em todas as partes do globo.
O anunciante é parte importante na sobrevivência das revistas, mas ele não pode pautar o que a revista irá abordar. Caso isso ocorra, a revista corre sérios riscos de cair em descrédito. Para dar certo, uma equipe tem que trabalhar em grupo. Jornalistas, publicitários e designers não podem viver em guerra. É necessário planejar a revista de forma conjunta para que ela sobreviva e não vire escrava do seu tempo. O que não pode ser desprezado nunca é o leitor. Esse tem que ser escutado sempre, pois é para ele que a revista é feita, sem ele a publicação não acontece.
Outra vantagem das revistas com relação aos jornais impressos é o fato de haver revista para todos os gostos, públicos e locais. São segmentadas. Tratam separadamente sobre futebol, moda, cozinha, política, novela, economia e tantos outros assuntos. Já o jornal é um misto de tudo. Se para ler sobre esporte você precisa comprar o jornal inteiro, no caso das revistas, você compra aquela especifica sobre o assunto. São publicações fáceis de guardar e que você pode levar para todos os lugares. São presenças garantidas nas salas de esperas de consultórios médicos e até em salões de beleza.
Duas grandes revistas marcaram época em nosso país e se tornaram fenômenos editorias. O Cruzeiro, do empresário Assis Chateaubriand e Manchete do Grupo Bloch. Estas publicações marcaram época valorizando o fotojornalismo e as grandes reportagens. A revista Veja, da Editora Abril, é a mais vendida no Brasil na atualidade. Com foco na notícia, tem como concorrentes IstoÉ e Época.
O Brasil vende seiscentos milhões de exemplares de revistas por ano contra seis bilhões nos Estados Unidos. Apesar de serem números distantes, o nosso mercado vem crescendo desde 1994 quando foi lançado o Plano Real. Com a mudança da moeda, as produções baratearam, já que o dólar e o real estavam cotados ao mesmo valor. Nesta mesma época chegaram ao mercado revistas de grande apelo popular. Estas tinham como diferencial o preço e o público. Falavam para as Classes C e D, além de custar pouco mais de um real. Antes do lançamento destas revistas o Brasil comercializava 300 milhões de exemplares por ano. Estas revistas foram batizadas como populares, pois além do baixo valor, tinham foco em temas preferidos pelas classes mais baixas, como a vida das celebridades.
Com o crescimento do mercado de publicações no Brasil, a expectativa é que os cursos de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo passem a dar atenção especial ao segmento de revista. Em um mercado cada vez mais restrito, as revistas vêm sendo responsáveis pela contratação de grande parte dos profissionais recém-formados. A Editora Abril, maior do ramo no país, promove há alguns anos o Curso Abril de Jornalismo, que visa preparar jovens recém-saídos da faculdade para o mundo das revistas.