terça-feira, 8 de maio de 2007

Amor dividido entre duas profissões


Anne Louise estuda direito e faz sucesso na noite soteropolitana como DJ

Por Erick Issa


A faculdade de direito e a música eletrônica são as duas paixões de Anne Louise de Albuquerque. A jovem de apenas 22 anos que cursa o oitavo semestre de direito na Universidade Federal da Bahia arranja tempo para tocar nas festas e boates da capital baiana. Não é uma rotina nada fácil de seguir, mas Anne não pensa em abrir mão da música em função da carreira jurídica. “O máximo que farei é dar um tempo para a música, pois terei que estudar muito para concursos, mas não abro mão da minha carreira de DJ”, empolga-se Anne.

A paixão pela música vem do berço. O pai de Anne mantém um mini estúdio dentro de casa, o que estimulou a DJ a estudar piano desde os sete anos. Foi a partir dos 17 anos que Anne conheceu a musica eletrônica, o que a levou a trabalhar com produção e promoção de festas de música eletrônica. Não demorou muito para que Anne fizesse uma oficina para DJ com o professor e também DJ Oliver Jack. Aluna aplicada, a garota em tão pouco tempo explodiu na cena eletrônica de Salvador, ganhando a admiração de centenas de pessoas. “A DJ Anne Louise é linda, ela faz mixagens perfeitas. Como pessoa ela é carinhosa, atenciosa e nerd”, brinca a amiga Thais Biazin.

Pessoal e profissional - Anne conta que sente a necessidade de separar o pessoal do profissional, uma prova disto são os seus perfis no orkut, onde conta com três, sendo apenas um pessoal. A carreira como DJ começou no dia 29 de julho de 2006, na festa Fever do seu professor Oliver. A partir deste momento Anne ganhou fãs, amigos e até uma comunidade no Orkut.
A arte de dividir o pessoal do profissional se estende aos estudos. Estudar, estagiar e tocar são os três verbos que não saem da mente de Anne. “Consigo dividir meu tempo, pois as festas resumem-se aos fins de semana, porém perco muito tempo na frente do computador baixando músicas. Deixo-as baixando e vou estudar dois capítulos”, conta Anne.

Não foi fácil conquistar tudo isso em tão pouco tempo. Anne também sofreu discriminação por ser mulher. Muitos afirmaram que ela era apenas uma Patricinha querendo entrar no mundo da música, mas nossa futura advogada não se abateu e soube usar o preconceito a seu favor. Muitas vezes Anne foi escolhida para festas, devido ao grande público masculino para que a festa seria produzida. O que mostra que o fato de ser mulher é um diferencial no mundo da musica eletrônica.

Apoio da família e admiração dos fãs

Segundo Anne, os pais gostam do seu trabalho, mas se preocupam que ela dê atenção à carreira jurídica. Ela dá um sorriso e nos confessa que sua irmã é sua fã incondicional. Por falar em fãs, a DJ conta que recebe muitos bilhetes e cantadas quando está tocando. ”Uma vez eu estava tocando e vi uma mulher acenando desesperadamente, fui até ela. No começo ela me disse que queria saber onde tomar curso pra DJ e depois confessou que queria saber mesmo se eu curtia mulheres”, lembra Anne.
Jogo de cintura é a receita para saber conciliar tantos compromissos, sejam eles pessoais ou profissionais. Cada segundo é muito valioso na vida da DJ, que nunca se arrepende da escolha de se dividir em duas tarefas tão diferentes. Ultrapassar obstáculos, vencer preconceitos e seguir em frente fazem parte da meta de Anne. “Se tivesse que abandonar uma carreira, deixaria a música, mas não pretendo ter que fazer isto. Esta decisão só seria tomada se fosse à última das opções, afinal de contas minha vida não é barata. Direito é a minha primeira profissão”, explica.